Autoexigência
- Priscila S. Scalabrin

- 17 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
A maioria das pessoas possuem elevada exigência consigo.

Elevada exigência consigo é outra forma de falarmos de perfeccionismo e grande parte das pessoas sofrem com isso.
Com isso, diferentes aspectos de si e da vida são afetados: relações, trabalho, família, corpo...
A alta exigência está relacionado à forma como a pessoa lida com ela mesma e também tem forte influência dos discursos sociais de como se deve ser.
Já parou para pensar sobre isso?
Como você se trata? Como você conversa com você? E como fala com você mesmo(a)?
A forma com que hoje, a pessoa adulta lida com ela mesma tem a influência das relações vivenciadas na infância, com quem exerceu o cuidado da criança que foi esse adulto em casa, na escola, no meio social.
Se as pessoas eram compreensivas, você tenderá a ser mais compreensivo(a) consigo. Se as pessoas foram duras e críticas, esse poderá ser o "molde" que repetirá com você mesmo. Entre esses dois polos, uma infinidade de possibilidades de internalização de como tratar a si. A forma de tratamento mais significativo - ao longo do tempo - para cada pessoa vai ecoando até se tornar um "modelo" que tende a ser repetido intrapessoalmente - a pessoa com ela mesma - , de modo fixo e automatizado.
Porém, como diz Sartre, filósofo existencialista:
"Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você"
Em outras palavras, o que você faz com esse jeito duro e crítico de ser?
Para mudar é preciso conhecer melhor, se abrir para compreender, discutir/dialogar com possíveis crenças internalizadas e re-escolher o que você quer e necessita para si. Conseguir romper a repetição e automatização, para escolher - com muito mais consciência - o que funciona e o que quer mudar.
E, não paramos por aí. Há mais um aspecto sobre essas exigências e "brigas" intrapessoais.
A cada época há um contexto social que dita o que é certo e errado - são os discursos sociais de 'como se deve ser'.
Observe as redes sociais, por exemplo, há “normas sociais” para sucesso, beleza, felicidade… para tudo. Precisa ser supostamente magro, jovem, feliz e ter posição de poder para ser bem sucedido. Será que é isso mesmo?
Será que a pessoa precisa ser magra? Qual é o biotipo de corpo de cada pessoa?
Será que é possível ser feliz todo o tempo?
Será que ter sucesso é estar em cargos de poder?
Não, não há um único caminho para ter sucesso, não há um único tipo de corpo e não existe felicidade permanente.
A enxurrada de imagens e informações é tanta que muitas pessoas acabam por adoecer, pois é adoecedor viver a vida se sentindo "errado" o tempo todo. Entretanto, você não está errado. O seu trabalho, seu corpo, seu humor não devem seguir um modelo externo.
Pode ser que tenham coisas que você queira mudar, tudo bem. Mas que essa mudança seja por você mesmo, por sua necessidade autêntica e não por pressão dos discursos sociais. É preciso discernir suas necessidades da enxurrada de padrões que vem de fora.
Diante das normas e padrões dos discursos sociais, acabamos por não dar voz a nós mesmos/as.
A pessoa pode acabar por não dar voz às suas vontades genuínas. Pode nem se dar conta de que não deseja "subir" de cargo, pois assim tem mais energia e disposição para se dedicar à família, por exemplo. Ou seja, às vezes fica difícil saber ou reconhecer o que sente, o que verdadeiramente importa para você e o que faz sentido lá dentro, no seu coração. E acaba por se exigir comportamentos e coisas que, talvez, nem faça real sentido. Acaba investindo força e energia no que o(s) outro(s) / o mundo diz ser importante.
Então, que tal parar um pouco e refletir?
O que é importante - de verdade - para você?
Qual a sua história?
O que é sucesso para você?
Qual é a sua beleza?
O que te deixa feliz?
Quais as suas potencialidades? Quais os seus limites?
Qual o sentido de buscar certas coisas?
O que te dá satisfação?
O que faz sentido para você?



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